segunda-feira, 28 de maio de 2012

sexta-feira, 6 de abril de 2012

UM ELOGIO AO AMOR PURO

"Há coisas que não são para se perceberem. Esta é uma delas. Tenho uma coisa para dizer e não sei como hei-de dizê-la. Muito do que se segue pode ser, por isso, incompreensível. A culpa é minha. O que for incompreensível não é mesmo para se perceber. Não é por falta de clareza. Serei muito claro. Eu próprio percebo pouco do que tenho para dizer. Mas tenho de dizê-lo. O que quero é fazer o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão.
Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática. Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria. Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em "diálogo". O amor passou a ser passível de ser combinado. Os amantes tornaram-se sócios. Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões. O amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem. A paixão, que devia ser desmedida, é na medida do possível. O amor tornou-se uma questão prática. O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam "praticamente" apaixonadas.
Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço. Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje. Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do "tá bem, tudo bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, banancides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas.
Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo? O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso "dá lá um jeitinho sentimental".
Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novos casalinhos. Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores. O amor fechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade. Amor é amor. É essa beleza. É esse perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. é uma questão de azar. O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto. O amor é uma coisa, a vida é outra.
A vida às vezes mata o amor. A "vidinha" é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. Não é para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende. O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser. O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem.
Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode ceder. Não se pode resistir. A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a Vida inteira, o amor não. Só um mundo de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também."

Texto de Miguel Esteves Cardoso in Expresso

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Mulheres-Espelho




Na minha vivência ao longo de 7 anos a fazer leituras da aura – uma forma organizada de comunicação intuitiva – deparo-me sucessivamente com mulheres de todas as idades, cuja Força Maior ainda permanece perdida na noite obscura das suas emoções.

Quando me Desnudo e olho a Nu para outra mulher é como olhar-me a mim mesma, pois ela é a portadora das minhas feridas. Cada mulher com quem me cruzo é um espelho límpido de mim mesma, um Portal para as minhas memórias. Por esse motivo é cada vez mais Consciente a necessidade que tenho, e as mulheres à minha volta, desse encontro de Cura que só entre iguais pode atingir níveis alquímicos de absoluta Morte e Renascimento.

Sinto que o mundo feminino ainda exclui muito mais do que inclui, pois existe uma competitividade latente que nos faz ficar de pé atrás muito mais vezes do que de braços abertos para nos abraçarmos como irmãs.
E talvez haja uma verdade por detrás desta actuação, cujo principio seja o de preservar a coesão do círculo e do que nele se semeia e se colhe. Nem todas as mulheres estão numa sintonia de abertura e reconexão com a sua natureza mais profunda, e muitas passarão mais esta vida sem o fazerem. Mas sinto que para as que despertam, a Responsabilidade é tremenda – não a de carregar com as outras, mas a de Inspirar as outras, as que estão a um passo de inspirarem pela primeira vez.

Temos que nos ajudar a parirmo-nos umas às outras.

Não conheço ninguém, homem ou mulher, que não esteja neste momento a passar por grandes desafios e transformações pessoais profundas – mas nós, Mulheres, temos o Dom de ir beber às Águas Profundas e delas renascer em Fogo. Somos a Profecia Viva do Fim e do Recomeço dos Tempos.

Sinto-me a cada momento a acordar de um longo sono, e a olhar para as minhas cicatrizes como se fossem fios-luz na minha geometria subtil. Olho-me e olho as minhas irmãs e respiro de alívio por não me sentir Só.

Sou-vos Grata.
Mizé

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

El orgasmo de ella

http://www.erotomanias.com/2011/11/el-orgasmo-de-ella/

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

segunda-feira, 18 de julho de 2011

sexta-feira, 15 de julho de 2011

quarta-feira, 8 de junho de 2011

sábado, 28 de maio de 2011

sexta-feira, 27 de maio de 2011

A Doutrina do Choque

A Doutrina do Choque from Muito Aterrorizado on Vimeo.

A Vida num segundo - o que fica depois da Vertigem?




Há dias em que entardeço cética do mundo, cansada de todas as palavras, de todas as imagens, de todos os clichês, perguntando-me quantas léguas de mim terei que sonhar até me perder.


Perder-me das construções e desconstruções repetidas da mente, do mundo dos desejos, da sede das carências. Do que julgo saber, do que julgo não ser. Do que temo, do que enfrento. Do que grito e do que calo.


.
Observo o Mundo a correr à minha volta, num rodopio que embriaga, onde eu, alienada não estou. Estarei porventura em parte incerta, flutuando nos anéis das memórias não vividas. Nas visões do Futuro. Na Criação dos Tempos.


Há dias em que entardeço cansada.
As ligações à matéria parecem desligar-se uma a uma, ficando apenas um ténue fio-luz. Aí me alimento. Aí me sustento, suspensa, em azul.


Cansam-me as palavras repetidas numa vulgaridade sem sabor. A pressa de chegarmos a lado nenhum. As elites espirituais, as projecções, as manipulações, a falta de questionamento colectivo, os projectos de salvação.


Lá fora os terrenos continuam por cultivar, e os nossos filhos continuam a deitar comida para o lixo.


E amanhã acordamos para mais um dia de escravatura.


.
Os dias, as semanas, os anos, começam e terminam numa vertigem alucinante, e os pensamentos parecem uma montanha russa na Grande Feira da Ilusão.


Apenas o eco do silêncio desperta em mim uma avalancha de cores e sons, numa acupuntura sensorial para além do visível.
Aí, nesse Espaço–Templo, as raízes etéricas entrelaçam-se numa dança esférica, simétrica, perfeita, lançando-me para dentro do vazio – num mergulho espiralado onde sou imensa.


Nada resta senão deixar fluir. Seguir os aromas que a alma timidamente vai segregando.


.
Abençoada a chuva que começa a cair, o cheiro da terra molhada, que por momentos me devolve ao corpo. Uma oração desprende-se dos meus dedos, numa carícia inefável.


A Vida renova-se a cada inspiração, num novo alento.


Possam todas as hierarquias de todos os mundos inspirar-nos o Amor-Sabedoria pelo cumprimento do Plano Evolutivo. Possam todas as tribos de todas as dimensões coabitar em Verdade. Possa o Homem ver-se finalmente Nu diante de si mesmo.


Mize Jacinto
27 de Maio de 2011

terça-feira, 17 de maio de 2011

sexta-feira, 29 de abril de 2011