quarta-feira, 2 de junho de 2010

Coragem para VIVER

Fomos desde cedo formatados no sentido de procurar segurança e estabilidade financeira, um bom emprego, um bom casamento, uma família perfeitamente encaixada dentro das boas normas sociais. Para muitos de nós este programa parecia demasiado condicionador e simultaneamente asfixiante, como se, chegados aqui já soubéssemos o que iríamos viver até ao fim da vida. No entanto ainda o experimentámos, por mais ou menos tempo.
Até que um dia a falta de espaço e o sufoco se tornam insuportáveis e finalmente paramos para nos questionarmos profundamente sobre se o modelo de vida que adoptámos foi ou não consciente, e nos serve ou não.

Nos últimos anos, sobretudo as gerações mais novas, (mas não só), decidiram procurar actividades profissionais alternativas, e muitos optaram pela área das massagens, instrutores de yoga, ou outras relacionadas com o movimento da “nova” espiritualidade que se respira um pouco por todo o lado. Saem do “sistema” no que diz respeito à ligação profissional, mas continuam presos a ele por todas as obrigações contraídas ainda durante a fase em que estavam “dentro”, o que acaba por gerar uma ansiedade, que faz com que muitas pessoas se apresentem com currículos cheios de cursos disto e daquilo, mas na realidade quase nenhuma experiência, em alguns casos, e muito pouca serenidade na maioria. Dá-se muitas vezes uma transferência de um padrão para outro, onde ideias criativas e originais ainda são muito escassas. Copiamo-nos uns aos outros, na tentativa de nos encaixarmos num outro modelo, sem que se dê espaço para que o “Dom” de cada um se manifeste, dando lugar a uma forma de expressão única, e em sintonia perfeita com o pulsar interno.

Em muitos casos, a pressão familiar, social e económica faz com que as pessoas fiquem com um pé dentro e outro fora, num desequilibro que ainda não satisfaz a Vida.

Creio que seria interessante se cada vez mais pessoas se questionassem sobre os valores que estão dispostos a pagar por um apartamento, meia dúzia de paredes umas em cima das outras, e ficar escravo do Banco quase uma vida. Na realidade todos nos queixamos mas todos alimentamos o sistema.
Um dia destes falei com uma senhora de 90 anos, e ao falar da crise económica ela disse-me prontamente que não havia falta de dinheiro, pois uma família tem 3 carros e já não têm casas mas sim palácios...
Ainda não existe uma consciência de união colectiva, porque se assim fosse teríamos consciência plena do nosso poder enquanto grupo, e assim vamos permitindo que uma minoria dê ordens a uma Imensa Maioria que obedece sem reclamar.

Talvez nos reste, como disse alguém, ser cada um a diferença que queremos ver no Mundo, e Gritar bem alto, interiormente, profundamente a Mudança que desejamos fazer. Em muitos casos requer uma elevada dose de Coragem e Determinação, pois o primeiro passo pode parecer que nos conduz ao abismo. É aí que as asas crescem, e a Vida passa a ser observada sob uma nova perspectiva. Aos poucos percebemos que não estamos sós, que existem outros “loucos” como nós, que desejam VIVER de forma activa, consciente, plena e em harmonia.

Uma nova forma de estar na vida está a emergir um pouco por todo o Mundo, com modelos mais conscientes, equilibrados, e em harmonia com os Ritmos da Terra. Por enquanto ainda é um fervilhar embrionário, mas está a acontecer. A Vida não aguenta mais a hipocrisia do controle e manipulação, das desigualdades, da correria desenfreada para lado nenhum... a Vida está a emergir de um longo sono.
Um a um vamos acordando, e, por AMOR à VIDA ganhando Coragem para seguir o Coração. O que pode correr mal quando agimos por AMOR?
Eu acredito...


Mizé


Be the change that you want to see in this world