segunda-feira, 19 de julho de 2010

Impermanência

Há uns anos atrás saí para jantar com umas colegas de trabalho. Depois do jantar fomos a um Bar, mas a noite foi interrompida por volta da uma da manhã por uma das colegas. Ela estava a ficar ansiosa e fomos acompanha-la até ao carro, e daí regressou a casa. A inquietação dela prendia-se com o facto de estar a ficar tarde, e ela não queria dar motivos ao marido para que ele lhe fizesse o mesmo: assim ela poderia continuar a controlar as saídas dele. Não criava espaço para desculpas.

Partilho este exemplo, que estou certa criará ecos dentro de muitos de nós, que, de uma forma ou outra ainda persistimos em querer controlar: controlamos os nossos companheiros(as), os nossos filhos, os nossos pais, o nosso dinheiro, o nosso corpo, a nós mesmos nas nossas múltiplas expressões.

Quantas vezes paramos para nos questionarmos se estamos a ser autênticos com o que desejamos realmente fazer/expressar no momento?

Quantas vezes paramos para observar os nossos pensamentos e questioná-los profundamente?
Quantas vezes olhamos para o outro que estamos a criticar, e não experimentamos verificar em que ponto da nossa vida somos essa mesma manifestação?


Quando questionamos o Coração - a nú, sem mascaras - a resposta vem prontamente, mas o ego reclama a injustiça. E neste ponto pode ocorrer uma batalha interna, tremenda, dolorosa. Estes são os momentos da catarse, a grande oportunidade de mudança.

Se não estamos em sintonia com o comportamento do outro, e se depois de uma profunda reflexão descobrimos que já não faz sentido a partilha, é lícito libertar - libertar é uma forma de Amar.

...

Não existe nada a controlar nesta dimensão física, ou em qualquer outra.

A Natureza renova-se sem esforço, sem controle. O Universo expande-se ou retrai-se do mesmo modo.


Vivemos num estado de Impermanência, e ISSO é uma Graça Divina.
Porque aquilo ou aqueles que libertamos hoje, cria em nós espaço para o que vem amanhã.
Assim a Vida se renova, a cada instante, como se por magia cada inspiração nos trouxesse de novo à Luz.

O coração silência e amadurece a expressão Amorosa difundindo-a e multiplicando-a em bençãos.

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Mizé

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