quinta-feira, 20 de janeiro de 2011


A propósito de um texto que li, de uma mulher que homenageia uma amiga cuja vida foi interrompida por "vontade" própria:

Independentemente dos motivos que estejam presente nesta história, ela faz-me reflectir, mais uma vez, sobre os modelos que criámos, e que em nada fluem com a Vida. Todas nós, nem que seja apenas em determinados momentos mentimos relativamente ao nosso estado emocional e mental. Todas temos momentos em que fugimos de olhar o espelho e encarar de frente, olhos nos olhos a pessoa que está do outro lado.

A estrutura familiar e social não perdoa, e por medo de não encaixarmos, de não sermos suficientemente boas passamos a vida a fingir que está tudo bem. A verdade que observo no entanto diz-me precisamente o contrário - quase nada está bem, e muitas pessoas estão a experimentar o inferno nas suas vidas.
Relacionamentos completamente desajustados, dependências, violência emocional, pressão económica, dor física... a maioria das pessoas vivem na espiral da embriaguêz do sofrimento a maior parte do tempo.

E para dificultar, as mulheres divorciaram-se umas das outras, e a capacidade inata de nos curarmos mutuamente perdeu-se. Um abraço, uma palavra, nem que seja a verdade nua e crua, mas que em Amor jamais poderá ferir... o silêncio, a cumplicidade... tudo se perdeu... em vez disso temos medo de dizermos que não estamos a aguentar a pressão, até porque ninguém tem paciência para pessoas que não estão bem... e por vezes são apenas momentos, nada mais do que isso... momentos que se poderiam diluir ou amenizar num desabafo...numa partilha amorosa.

A solidão invadiu as vidas de muitas mulheres quantas vezes rodeadas de pessoas por todos os lados...

Por isso sinto tanta falta das partilhas, das que vivi e das que ainda-não-vivi: da entrega, do brilho nos olhos, da dança das almas, da nudez... dos gritos, das lágrimas, dos uivos, dos sorrisos. Saudades da nossa natureza intima e selvagem, livre e plena. ...

Podemos fazer tanto e fazemos tão pouco...

Ainda estamos tão mergulhadas no sono da inconsciência e nem nos apercebemos que à nossa volta outras estão a sufocar por um abraço...

O meu coração fica suspenso quando me deparo com tamanho sofrimento e desespero... Quero acreditar que nos vamos levantar todas... uma a uma... pela Vida!

Um Abraço.

Mizé

Janeiro de 2011

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