sexta-feira, 16 de abril de 2010

Dizer NÃO

Na minha experiência pessoal e no contacto com outros, verifico que, a maioria das pessoas, quando confrontadas com a questão da auto-observação, regra geral, têm dificuldade em detectar e especificar a origem de bloqueios alojados em programações.

No trabalho com grupos geralmente costumo sugerir que façam uma lista das programações a que estão sujeitos e condicionados, e o que acontece é que, no dia seguinte quase ninguém fez a lista. Observarmo-nos através deste prisma parece ser algo bem difícil.

O aparente conforto mesmo no desconforto é algo tão enraizado que se torna normal. A aparente segurança sobrepõe-se à perspectiva da mudança, com tudo o que possa daí advir. E, até que a Vida nos dê um valente empurrão, muitos de nós permanecem “adormecidos”.

Nesse estado de “dormência”, surge com frequência um padrão, independentemente da idade, sexo, ou actividade social: a dificuldade de dizer NÃO.
Dizer Não a velhos padrões, hábitos, vícios, rotinas.
Dizer Não ao patrão, ao chefe, aos colegas. A formas de produção e esquemas vazios de criatividade.
Dizer Não às regras sociais obsoletas e que não nos servem, e nos escravizam.
Dizer Não aos dogmas, às religiões e crenças impostas. Dizer Não às teorias que explicam a Vida e todos os seus Mistérios.
Dizer não aos Pais, à família que dá e pede em troca. Dizer Não ao Medo que muitos adultos sentem pelos seus pais. Ao medo do comportamento dos Filhos.
Dizer Não a relacionamentos castradores, violentos, sufocantes.

Dizer Não ao Medo de se expressarem, medo de magoar o outro...

A maioria das pessoas parece preferir ficar com as coisas por dizer, negando-se a si mesmas o direito de expressão livre, ficando internamente a digerir com mais ou menos dificuldade aquilo que poderia ser naturalmente libertado.
O medo da confrontação, a vários níveis, é ainda uma constante.
Fechamo-nos e fingimos que está tudo bem. Ou pior, falamos por trás, numa tentativa vã de libertar a alma.
...
Só quando nos permitimos parar, e de forma Neutra assumir o papel de obSERvadores, podemos tomar consciência destas múltiplas fugas de nós mesmos.
Este estado de Neutralidade não julga, não cataloga... apenas observa.
E, no máximo alinhamento que conseguirmos com o que estamos a sentir, a observar, a intuir, usando o Coração como filtro da mente, podemos expressar a nossa verdade interna.
Tudo o que é expresso com Amor, em Amor, não fere, não pode ferir. Se o outro assim o sente, essa pode ser a inspiração necessária para que ele comece também este trabalho interno.

E ninguém pode ter a pretensão de se substituir ao outro. Em nada.

Dizer o primeiro Não pode ser a alavanca que vai mover a Montanha. A coragem é o esforço inicial. A partir daí, só nos detemos se quisermos, mas dificilmente o faremos, pois o processo de expansão de consciência é uma espiral em movimento expansivo.

A Vida é tão Simples...

Um Sorriso, um Abraço,

Mizé

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