segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Despojos de Vida



Umas horas passadas no Hospital fazem-me meditar mais uma vez no Sonho que escolhemos viver. Este pedaço de tempo a que chamamos vida, é um sopro fugaz na imensidão do Sem –Tempo, e contudo tão sentido como se fosse esta a única realidade. Embrenhados na ilusão dos medos criamos um cenário no qual nos arrastamos em sofrimento, numa busca constante da salvação que virá a seguir, de um dia que nunca mais chega...

Vi e senti à minha volta um mundo de dor e sofrimento, de corpos ao abandono e presos à vida por fios artificiais, de homens-meninos em pranto, de constantes preces a Deus, a Jesus, e à Virgem Maria, de vidas esquecidas, de almas mutiladas. Em todos senti o compasso lúgubre do tempo e uma densidade emocional capaz de arrastar para o abismo a própria história pessoal.

Medito nos mundos dentro do Mundo, nas vidas perdidas, na ausência das palavras... e interrogo-me sobre o que nos faz – humanos – experimentar a Vida desta forma tão grosseira, tão pesada, tão sufocante, tão sem sentido...
Não tenho respostas, apenas observo, e se por momentos me apeteceu abraçar todos num mantra de cura emanado do Coração, logo voltei a mim, a uma neutralidade que me distancia do que não acredito.

Estamos aqui para viver o Sonho, e amanhã é tarde demais para o corrigir.

Hoje Acredito que o Sonho é leve e sem limites, e não essa massa putrefacta que nos parece condenar à nascença.
Acredito que Agora é o Momento de questionarmos e reinventarmos todas as programações, num rasgo de Coragem e Determinação. Tempo de escutar a Intuição, de falar com o Coração, e de Sonhar com a Alma. Tempo de ousar ser Liberdade Consciente. Tempo de nos desnudarmos para que o Caminho seja Leve. Para que outras formas de Vida mais Subtis se possam manifestar e interagir sem risco de Contaminação pela densidade da Aura Mental deste Planeta e por nós criada ao longo de vidas.

O Novo Mundo de que falam os profetas está a começar a ser Sonhado, mas todos somos chamados a assumir responsabilidades. O respeito básico pela Vida, a começar pela nossa, é fundamental. A Vida quer-se cumprir em Simplicidade.
Parar, Observar, Sentir.
...
Se este fosse o teu último sopro com este corpo o que desejarias ver no teu epitáfio?
...
Criar, Amar, Agradecer.
Viver!

Mizé
Dezembro, 2010

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Kiesha in Zurich 1/2

De mãos dadas




O que mais limita as mulheres do mundo que observo, já não é a prepotência e dominância masculina, mas muito mais o desconhecimento da sua natureza selvagem, intuitiva e profundamente amorosa, da força alquímica que nos habita, capaz de criar e de destruir apenas pela vontade.

Limita-nos a competividade umas com as outras, reflexo da falta de auto estima e da entrega do poder pessoal. Limita-nos a vitimização e desresponsabilização pelas nossas vidas.
Limita-nos a crença no socialmente correcto e nos medos criados pela máquina do sistema que nos escraviza.
Limita-nos a carência de amor próprio, incapazes de olhar e honrar o corpo na sua natureza abundante, e sob qualquer forma bela. Incapazes de nos libertarmos dos modelos de beleza repressivos que criamos e alimentamos. Limita-nos o medo de sermos tocadas, amadas, esquecidas, preteridas. O medo de arder em desejo e explodir orgasticamente para além do corpo.

Limitam-nos as memórias do que não fomos capazes de fazer ou fizemos mal.
As feridas da Mãe, do Utero abandonado.

Limitamo-nos cegamente a nós mesmas alimentando o medo da imperfeição e da solidão. Mulheres fechadas estarão sempre sós. Mulheres plenas nunca o estarão, ainda que amem a presença do outro.

Limita-nos o exercício do poder e controlo no papel predominantemente masculino que escolhemos viver nas últimas décadas e que nos afasta cada vez mais da essência primitiva e amplamente consciente dos ciclos naturais.

Limita-nos a falta do cheiro da terra, dos uivos, dos cios, das grandes rodas de partilha. ....

Mizé

Novembro de 2010

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Estou aqui para me despir


... estou aqui para me despir...


Quando julgamos que somos seguros e plenos de conhecimento, a Vida, na sua suprema sabedoria, testa-nos, e experimentamos o inferno nas teias tecidas por nós mesmos.

Nesse inferno alquímico, de entranhas em dor, a natureza profunda e selvagem sopra os primeiros murmúrios, rasgando na pele novas formas, novos rostos, novos sons, novas cores, novos perfumes, de uma Alma que deseja ser Luz em Liberdade.


Quando julgamos que não sabemos nada, que não somos nada, e em ausência de nós, entregamos o nosso poder pessoal a outros, a Vida, na sua Infinita paciência, atira-nos para o abismo, construído por nós mesmos por debaixo dos aparentes alicerces.

Em queda vertiginosa, ainda tentamos agarrar o que nos parece ser seguro, lançando no abismo os nossos despojos.


A queda relembra a nossa fragilidade, e começamos finalmente a questionar o sentido da vida, face à brevidade do tempo, e ao adiar dos sonhos.

Nesse estado de caos nada parece encaixar, e a sensação de isolamento chega como um cavalo em fuga – já não sei de mim, já não reconheço quem fui, já não sei quem sou. A Alma arde de febre e começamos a ser deserto.


E é neste espaço/tempo sagrado, no Templo Interno, que finalmente nos começamos a reconhecer, e nos começamos a curar a nós mesmos, abraçando a sombra, lambendo as feridas em recolhimento intimo e amoroso...


Os braços começam soltar-se e as mãos humildemente a abrir-se.


No processo de transmutação somos semeadura espalhando ao vento embriões de liberdade, do tanto que ainda não sabemos ser, mas já sonhamos...


Da finitude nasce o infinito, do fim nasce o inicio. Do caos nasce a harmonia.

Do querer nasce a poesia, nasce o amor a dourar o olhar.

Novos mundos emergem, e a Vida saúda-nos mais uma vez. Somos festa. Somos dança balsâmica a voar Primaveras.


E de tanto nos termos nos desejamos leveza, sendo pousio para escutar os ventos.

Novas vozes chegam, velhas aves partem, pois que tudo é, na Grande Roda, o Pulsar impermanente.

...

Todos os momentos são mágicos quando vividos em entrega e confiança na Vida.

Absorver, ou despejar, tudo é válido. Tudo é renovação. Tudo é encontro.

Todas as experiências nos conduzem a um estado, seja ele qual for, para que do saber se passe ao sentir. Um acontecimento interno, que não se explica.


A colheita acontece quando o coração, despido já não se apressa a querer...

Quando deixamos de perguntar, de querer intelectualizar. Quando deixamos de procurar, de estar em esforço.


Quando finalmente nos começamos a “despir”, pois só a NUDEZ revela a Verdade.

Serenamente, a colheita transforma-se em bençãos nutrindo o coração que, dando sentido ao Ciclo as multiplica e doa incondicionalmente à Unidade.

...

... estou aqui para me despir...

...

Mizé

Agosto de 2010

Dream on Fire - Casa da Eira

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

O Paradigma Familiar

O modelo de família tradicional, tal como o conheci através da família que me acolheu biologicamente, é um modelo altamente limitador, manipulador, controlador, programador – em resumo: sufocante.

Recebi princípios de respeito pela normas sociais, pelos mais velhos, ou pelos de estatuto hierarquicamente superior. Recebi protecção e um apoio incondicional, mas sem incentivos à minha expressão individual, e que desde cedo se revelou incapaz de se encaixar no sistema.

Não me recordo de manifestações de afecto, talvez porque eles nem o saibam fazer, porque também nunca as receberam ...

Este modelo, no qual cresci, foi certamente semelhante ao de tantas familias, e ainda o é.

Não há nada de errado ou de certo.

A Vida, inconsciente de si mesma vive o que acredita. Sonha pouco...

Os padrões passam de geração em geração com pouco questionamento, assentes na aceitação de uma “realidade inalterável”, e , na maioria dos casos com muita falta de coragem para romper as barreiras dos condicionalismos adquiridos.

Fui formatada para me comportar e encaixar nas normas sociais, encontrar um emprego estável, casar e ficar com o marido para o resto da vida, ter casa, filhos, e não reclamar.

A religião ocupava um espaço importante na obediência social, uma espécie de “ zona de conforto”, mas absolutamente inquestionável.

Claro que, da geração dos meus avós para a dos meus pais, ocorreram mudanças, mas sobretudo no plano físico: rotinas, conforto, melhores condições de vida. Mas o salto quântico da consciência ainda não aconteceu – as formatações de base continuaram imutáveis.

Na partilha com algumas pessoas (muitas), continuo a encontrar relações entre pais e filhos marcadas por traumas, assentes em experiências que nunca foram partilhadas, medos, ódios e até competição. A falta de comunicação faz com que os membros da familia não se reconheçam entre si. Aos 40, 50, e até 70 anos ainda há pessoas que permanecem ligadas aos pais pelo medo, e se permitem ser manipuladas emocionalmente, mentalmente, ou monetáriamente.

E a Vida, inconsciente, continua a maltratar-se a si mesma, tecendo nós na teia do sofrimento.

O processo evolutivo em direcção à Consciência parece extremamente lento quando olho para trás no relógio do tempo.

Por medo de magoarmos os nossos pais e os nossos filhos, ficam pedaços de vida por viver.

Por medo de enfrentarmos os nossos pais ou os nossos filhos ficam sonhos por realizar.

Muitas vezes o mesmo sucede na relação com os nossos companheiros/as e amigos, a falta de coragem prevalece.

...

Olhando para a Vida de frente – “olhos nos olhos” – faltam-me as palavras, e apenas o vazio do absurdo pode descrever a sensação que me ocorre quando revivo o medo que durante anos senti, sobretudo do meu pai.

Como pode uma/o filha/o ter medo do seu pai (mãe)?

Como podem pais ter medo dos seus filhos?

Porque nos permitimos tal movimento – vibração tão afastada fluxo Natural?

Como pode a Vida ter medo da Vida?

Violentamo-nos ininterruptamente durante anos numa aparente e desde sempre desconexa realidade.

Somos ondas ao sabor da maré, num oceano sem porto.

...

A minha geração teve filhos que entretanto cresceram. Conheço sobretudo o testemunho dos professores, o cenário é indescritível. Conheço alguns destes jovens, a maioria completamente perdidos, alienados por natureza da rede social, vivem mundos de pressão interna, num desajuste alucinante.

Também isto é a Vida a experienciar-se a ela mesma – mas num registo denso e causador de sofrimento.

Até que um dia, um sonho, um grito, um momento, um toque, um abraço, um olhar, uma palavra, um rasgo de infinito nos revela Algo, Alguém, uma Alma, um Ser, a Verdade Imutável a palpitar dentro de nós.

Não há receitas – trata-se de um acontecimento interno, não se descreve, não se explica, mas expande-se por reflexo.

Estão cada vez mais a “nascer” novos Seres, mais livres dos atavios mentais. Muitos outros ainda se estão a “despir”, para que se possam dar à Luz a si mesmos, renovando a Vida.

Não sei o que vai permanecer do modelo familiar antigo, nem o que é descartado. Não sei se existe um novo conceito de Familia a formar-se, ou se a Vida começa finalmente a permitir-se ser livre sem conceitos.

Também sou Mãe. Por agora começo pelo que Não faz sentido. Do outro lado, um Ser observa-me também, atento, presente.

Também aqui sinto que não há receitas. Há uma partilha de momentos, que passam por muitos e diferentes estados e frequências.

Para já não sei mais nada. Continuo a esvaziar. E assim, Respiro...


Mizé


Agosto de 2010


segunda-feira, 19 de julho de 2010

6 billion Others. Happiness.

Impermanência

Há uns anos atrás saí para jantar com umas colegas de trabalho. Depois do jantar fomos a um Bar, mas a noite foi interrompida por volta da uma da manhã por uma das colegas. Ela estava a ficar ansiosa e fomos acompanha-la até ao carro, e daí regressou a casa. A inquietação dela prendia-se com o facto de estar a ficar tarde, e ela não queria dar motivos ao marido para que ele lhe fizesse o mesmo: assim ela poderia continuar a controlar as saídas dele. Não criava espaço para desculpas.

Partilho este exemplo, que estou certa criará ecos dentro de muitos de nós, que, de uma forma ou outra ainda persistimos em querer controlar: controlamos os nossos companheiros(as), os nossos filhos, os nossos pais, o nosso dinheiro, o nosso corpo, a nós mesmos nas nossas múltiplas expressões.

Quantas vezes paramos para nos questionarmos se estamos a ser autênticos com o que desejamos realmente fazer/expressar no momento?

Quantas vezes paramos para observar os nossos pensamentos e questioná-los profundamente?
Quantas vezes olhamos para o outro que estamos a criticar, e não experimentamos verificar em que ponto da nossa vida somos essa mesma manifestação?


Quando questionamos o Coração - a nú, sem mascaras - a resposta vem prontamente, mas o ego reclama a injustiça. E neste ponto pode ocorrer uma batalha interna, tremenda, dolorosa. Estes são os momentos da catarse, a grande oportunidade de mudança.

Se não estamos em sintonia com o comportamento do outro, e se depois de uma profunda reflexão descobrimos que já não faz sentido a partilha, é lícito libertar - libertar é uma forma de Amar.

...

Não existe nada a controlar nesta dimensão física, ou em qualquer outra.

A Natureza renova-se sem esforço, sem controle. O Universo expande-se ou retrai-se do mesmo modo.


Vivemos num estado de Impermanência, e ISSO é uma Graça Divina.
Porque aquilo ou aqueles que libertamos hoje, cria em nós espaço para o que vem amanhã.
Assim a Vida se renova, a cada instante, como se por magia cada inspiração nos trouxesse de novo à Luz.

O coração silência e amadurece a expressão Amorosa difundindo-a e multiplicando-a em bençãos.

...

Mizé

Food, Inc. (Alimentos S.A.) (2009) Legendado em Portugues - Parte 1 / 10

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Coragem para VIVER

Fomos desde cedo formatados no sentido de procurar segurança e estabilidade financeira, um bom emprego, um bom casamento, uma família perfeitamente encaixada dentro das boas normas sociais. Para muitos de nós este programa parecia demasiado condicionador e simultaneamente asfixiante, como se, chegados aqui já soubéssemos o que iríamos viver até ao fim da vida. No entanto ainda o experimentámos, por mais ou menos tempo.
Até que um dia a falta de espaço e o sufoco se tornam insuportáveis e finalmente paramos para nos questionarmos profundamente sobre se o modelo de vida que adoptámos foi ou não consciente, e nos serve ou não.

Nos últimos anos, sobretudo as gerações mais novas, (mas não só), decidiram procurar actividades profissionais alternativas, e muitos optaram pela área das massagens, instrutores de yoga, ou outras relacionadas com o movimento da “nova” espiritualidade que se respira um pouco por todo o lado. Saem do “sistema” no que diz respeito à ligação profissional, mas continuam presos a ele por todas as obrigações contraídas ainda durante a fase em que estavam “dentro”, o que acaba por gerar uma ansiedade, que faz com que muitas pessoas se apresentem com currículos cheios de cursos disto e daquilo, mas na realidade quase nenhuma experiência, em alguns casos, e muito pouca serenidade na maioria. Dá-se muitas vezes uma transferência de um padrão para outro, onde ideias criativas e originais ainda são muito escassas. Copiamo-nos uns aos outros, na tentativa de nos encaixarmos num outro modelo, sem que se dê espaço para que o “Dom” de cada um se manifeste, dando lugar a uma forma de expressão única, e em sintonia perfeita com o pulsar interno.

Em muitos casos, a pressão familiar, social e económica faz com que as pessoas fiquem com um pé dentro e outro fora, num desequilibro que ainda não satisfaz a Vida.

Creio que seria interessante se cada vez mais pessoas se questionassem sobre os valores que estão dispostos a pagar por um apartamento, meia dúzia de paredes umas em cima das outras, e ficar escravo do Banco quase uma vida. Na realidade todos nos queixamos mas todos alimentamos o sistema.
Um dia destes falei com uma senhora de 90 anos, e ao falar da crise económica ela disse-me prontamente que não havia falta de dinheiro, pois uma família tem 3 carros e já não têm casas mas sim palácios...
Ainda não existe uma consciência de união colectiva, porque se assim fosse teríamos consciência plena do nosso poder enquanto grupo, e assim vamos permitindo que uma minoria dê ordens a uma Imensa Maioria que obedece sem reclamar.

Talvez nos reste, como disse alguém, ser cada um a diferença que queremos ver no Mundo, e Gritar bem alto, interiormente, profundamente a Mudança que desejamos fazer. Em muitos casos requer uma elevada dose de Coragem e Determinação, pois o primeiro passo pode parecer que nos conduz ao abismo. É aí que as asas crescem, e a Vida passa a ser observada sob uma nova perspectiva. Aos poucos percebemos que não estamos sós, que existem outros “loucos” como nós, que desejam VIVER de forma activa, consciente, plena e em harmonia.

Uma nova forma de estar na vida está a emergir um pouco por todo o Mundo, com modelos mais conscientes, equilibrados, e em harmonia com os Ritmos da Terra. Por enquanto ainda é um fervilhar embrionário, mas está a acontecer. A Vida não aguenta mais a hipocrisia do controle e manipulação, das desigualdades, da correria desenfreada para lado nenhum... a Vida está a emergir de um longo sono.
Um a um vamos acordando, e, por AMOR à VIDA ganhando Coragem para seguir o Coração. O que pode correr mal quando agimos por AMOR?
Eu acredito...


Mizé


Be the change that you want to see in this world


terça-feira, 18 de maio de 2010

sexta-feira, 14 de maio de 2010

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Dizer NÃO

Na minha experiência pessoal e no contacto com outros, verifico que, a maioria das pessoas, quando confrontadas com a questão da auto-observação, regra geral, têm dificuldade em detectar e especificar a origem de bloqueios alojados em programações.

No trabalho com grupos geralmente costumo sugerir que façam uma lista das programações a que estão sujeitos e condicionados, e o que acontece é que, no dia seguinte quase ninguém fez a lista. Observarmo-nos através deste prisma parece ser algo bem difícil.

O aparente conforto mesmo no desconforto é algo tão enraizado que se torna normal. A aparente segurança sobrepõe-se à perspectiva da mudança, com tudo o que possa daí advir. E, até que a Vida nos dê um valente empurrão, muitos de nós permanecem “adormecidos”.

Nesse estado de “dormência”, surge com frequência um padrão, independentemente da idade, sexo, ou actividade social: a dificuldade de dizer NÃO.
Dizer Não a velhos padrões, hábitos, vícios, rotinas.
Dizer Não ao patrão, ao chefe, aos colegas. A formas de produção e esquemas vazios de criatividade.
Dizer Não às regras sociais obsoletas e que não nos servem, e nos escravizam.
Dizer Não aos dogmas, às religiões e crenças impostas. Dizer Não às teorias que explicam a Vida e todos os seus Mistérios.
Dizer não aos Pais, à família que dá e pede em troca. Dizer Não ao Medo que muitos adultos sentem pelos seus pais. Ao medo do comportamento dos Filhos.
Dizer Não a relacionamentos castradores, violentos, sufocantes.

Dizer Não ao Medo de se expressarem, medo de magoar o outro...

A maioria das pessoas parece preferir ficar com as coisas por dizer, negando-se a si mesmas o direito de expressão livre, ficando internamente a digerir com mais ou menos dificuldade aquilo que poderia ser naturalmente libertado.
O medo da confrontação, a vários níveis, é ainda uma constante.
Fechamo-nos e fingimos que está tudo bem. Ou pior, falamos por trás, numa tentativa vã de libertar a alma.
...
Só quando nos permitimos parar, e de forma Neutra assumir o papel de obSERvadores, podemos tomar consciência destas múltiplas fugas de nós mesmos.
Este estado de Neutralidade não julga, não cataloga... apenas observa.
E, no máximo alinhamento que conseguirmos com o que estamos a sentir, a observar, a intuir, usando o Coração como filtro da mente, podemos expressar a nossa verdade interna.
Tudo o que é expresso com Amor, em Amor, não fere, não pode ferir. Se o outro assim o sente, essa pode ser a inspiração necessária para que ele comece também este trabalho interno.

E ninguém pode ter a pretensão de se substituir ao outro. Em nada.

Dizer o primeiro Não pode ser a alavanca que vai mover a Montanha. A coragem é o esforço inicial. A partir daí, só nos detemos se quisermos, mas dificilmente o faremos, pois o processo de expansão de consciência é uma espiral em movimento expansivo.

A Vida é tão Simples...

Um Sorriso, um Abraço,

Mizé

Leveza

A cada dia que passa sinto-me mais leve. Não é uma leveza que se explique, até porque por vezes nem encontro as palavras certas para estes estados de aparente vazio da mente. Digo aparente porque não estou certa que assim seja. Tão pouco procuro ter certezas de alguma coisa.

Estes estados conduzem-me a um aparente divórcio com a realidade do mundo em que vivo, da sociedade, da família, até da maternidade. Todo esse mundo de referências se dilui dando lugar a um estado de Leveza.
Contudo, digo aparente divórcio, pois na verdade não me sinto fora de nada, sinto apenas que respiro ao meu ritmo, e que, onde eu Vibro eu estou Entregue.

Sinto que Todos temos um papel a desempenhar, como cada célula que compõe um órgão, e que esse papel deve ser desempenhado sem esforço algum.
Quando nos permitimos que essa descoberta chegue até nós, é o momento de seguir o coração, com coragem, com pés firmes, com o coração aberto e compassivo.
Esse primeiro impulso pode ser confuso, pode implicar enfrentarmos o tal divorcio aparente do que nos rodeia: mas vale a penas questionarmo-nos se queremos continuar naquele emprego onde já não nos encaixamos, naquele relacionamento que já não faz sentido ser partilhado do mesmo modo, nas imposições familiares, nos medos, nas programações, e em todos os jogos por nós criados e que não elevam em nada a nossa vibração.

Dá medo? Instabilidade? Confusão mental? Pode dar sim! Mas até isso aprendemos a amar... e aos poucos passamos a observar sem catalogar. E tudo começa a encaixar-se na perfeição, porque sempre assim o foi...
Se o permitirmos a Vida revela-se no seu Esplendor renovando-se a cada instante.
...
A cada dia que passa sinto-me mais leve... e não sei, nem pretendo transmitir o que sinto a ninguém, até porque o que escrevo hoje amanhã pode já não ressoar cá dentro pois uma das poucas coisas que tenho como permanente é a impermanência.

Agora, um Abraço
Mizé

quinta-feira, 15 de abril de 2010

segunda-feira, 12 de abril de 2010

quinta-feira, 18 de março de 2010

quinta-feira, 4 de março de 2010

7,000,000,000

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Microcosmos part 1

http://www.youtube.com/watch?v=-BseGLUTkD8

A idade dos porquês

Sempre achei que era curiosa e com uma boa dose de rebeldia que me faria sempre questionar tudo e todos. No entanto, passados longos periodos de experiências dolorosas e limitadoras, reflectindo mais profundamente pude constactar que ao longo da minha experiência terrena tomei como minhas muitas programações familiares, sociais, religiosas, etc...

Tomei como meus medos; angustia; falta de confiança em tudo e todos; limitações; castigos; culpas...

Atravessei desertos...

Chegou um momento em que parei para observar, e dessa observação surgiram os porquês – num questionamento que começou a pôr tudo em causa, e que aos poucos foi retirando tudo do lugar...

No ínicio foi confuso, as referências aparentemente estáveis e seguras já não estavam lá para me “apoiar”, e parecia caminhar num universo sem chão, nem paredes, nem tectos... estava a perder-me do que eu julgava ser...

Mas, e porque sou VIDA, a observação tornou-se cada vez mais silênciosa, abrangente, e tudo começou a fazer sentido com uma simplicidade sem precedentes...

Foi bom questionar tudo... levou-me a Mim e à confiança no meu processo de Vida.

Hoje, aqui, neste momento... pareço flutuar num vazio mental e emocional, num vazio de referências ou de projecções...

É apenas um momento, um estado de neutralidade...

Logo podeirei entrar em outras aventuras, porque aquilo que julgo ser ou saber agora... também é efemero, não me pertence...



Mizé

24 de Fevereiro 2010

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Consciência

Consciência

Lembro-me de um tempo em que o meu filho, bem pequeno, quando me observava nas minhas rotinas de higiene me pedia para eu lhe colocar desodorizante. Eu, fechava a tampa da embalagem e fingia que lhe colocava o desodorizante, o que o deixava muito contente. Aos poucos ele foi crescendo e percebeu que a embalagem fechada não funcionava...
Agora, já não o posso enganar, e ele só se engana se assim o desejar...

...

O mesmo se passa connosco no processo de Despertar para a Vida, podemos andar iludidos durante meses ou mesmo anos, no entanto, assim que despertamos para a Consciência de Nós Mesmos, já nada nem ninguém nos pode enganar, e os possíveis vazios de consciência apenas servem para nos relembrar disso mesmo.

Estamos a despertar de um sono lento e profundo...

Não acredito em presságios do fim do mundo... acredito sim que algo está já a acontecer – começa por mim, começa por ti – e em alguns casos é um profundo vendaval interno que tudo remexa e nada deixa no mesmo lugar.

Eu aceito o desafio de mudar os padrões que já não servem o meu propósito de Vida;
Eu aceito o desafio de não saber o dia de amanhã;
Eu aceito o desafio das minhas escolhas conscientes;
Eu aceito o desafio do Re-Nas-SER;
Eu aceito o desafio de me experienciar VIDA em AMOR;

Eu estou disposta a Viver.
Tu estás?

...

Mizé

2 de Fevereiro de 2010

Vidas perdidas

Vidas perdidas

Quando o homem se vê perante uma tragédia, quer seja com ele mesmo, com pessoas próximas, ou com um determinado povo, como aconteceu agora no Haiti, o lado humano, pára para sentir e lamenta a perda de vidas. A morte abrupta, sobretudo de pessoas ainda jovens, faz-nos sentir por momentos a fragilidade dos corpos, a fugacidade desta experiência física.

No entanto, quantas vidas, no momento precedente à partida desta dimensão, em análise profunda, poderão dizer que viveram a vida?

Por vezes passeio-me pela cidade observando as pessoas, e verifico que uma quantidade razoável de mulheres de meia idade andam dopadas, o olhar está vazio como se não habitassem já o corpo...

Tive conhecimento ao longo de várias partilhas de que existe um número considerável de pessoas, de todas as idades que consomem habitualmente ou diariamente estupefacientes...

Na minha experiência profissional verifico com frequência um padrão de carência profunda de afectos, onde mulheres com 60 anos ainda estão dependentes de uma mãe controladora, ou de um marido que as sufoca...

Tenho amigos que pouco mais fazem do que trabalhar, esperando ansiosamente pelas merecidas férias...

Pessoas que não vivem a experiência dos relacionamentos íntimos porque ainda estão à espera da “alma gémea”...

Pessoas que por tudo e por nada se servem do “karma” como resposta para os seus males...

...

Parece que existe no ser humano uma profunda e enraizada programação de que, ou nos submetemos ao sistema: social, familiar, económico, religioso, etc, ou então estamos condenados ao fracasso.

Imaginem um exercício em que a máquina do mundo parasse durante uns dias, e cada um tivesse que estar apenas consigo... seria interessante o resultado...

A maior parte das pessoas vivem vidas agitadas, num profundo ruído que os inebria e os faz esquecerem-se de si mesmos...

Vidas que projectam no futuro os dias felizes...
Vidas presas a dores do passado, com uma tremenda dificuldade em perdoar a si mesmas e aos outros...
Vidas que projectam nos outros culpas, medos, insatisfação...
Vidas acomodadas...
Vidas que ainda não se conhecem como Vida...
Vidas perdidas...

...

Somos marionetas articuladas por Nós Mesmos... logo, cabe-nos a Nós, e Apenas a Nós a Decisão de como queremos Viver cada momento de Vida...

E Viver é Ser... Ser Fiel à Minha Verdade a cada instante,
Ser em reverência a cada manifestação de vida,
Ser em alegria, em entusiasmo, em ousadia e coragem,
Ser acreditando sempre a Vida jamais me faltará com Abundância...
Ser acreditando no Amor que sou, e que em espelho me leva até ti...

Mizé

2 Fevereiro de 2010